terça-feira, 24 de junho de 2008
“Olha pro céu, meu amor
Veja como ele está lindo
Olha pra aquele balão multicor
Que lá no céu vai sumindo...”

Sem sombra de dúvidas, é a minha música de São João favorita! Aliás, esta época do ano é muito especial, o estado todo em festa, dá de 10 a 0 em qualquer carnaval.
Entramos de férias na sexta. Aqui, ao contrário da maioria dos estados, as férias de meio de ano coincidem com os festejos juninos.
Voltamos do interior hoje de manhã. Tínhamos ido no sábado de manhã cedinho para uma cidade a 300km daqui. Pela primeira vez experimentei um típico São João na roça. E me esbaldei! É bom demais!!
Sábado à noite teve show na praça, teve forró pé de serra, que eu dancei com meu pai e com minha mãe, teve até umas bandas com umas tendências novas aí, mas a mim não me agradam. No domingo, foram as carroças que saíram pela cidade e festa na casa da Promotora de Justiça, que fechou a rua, decorou-a lindamente e foi um verdadeiro banquete.
Na segunda, ah, aí foi o melhor. A cidade fica em polvorosa dia de segunda, pois é dia de feira. Chegam vários caminhões apinhados de pessoas de povoados próximos que vêm se abastecer nessa feira que tem de um tudo, ervas, carnes, temperos, grãos, frutas, verduras, roupas, panelas, enfim, tudo o que você imaginar. Por volta do meio dia eles começam a retornar. Os caminhões que antes vinham carregados de pessoas, agora voltam com elas e seus pertences, com certeza comprados com muito sacrifício. A cidade ferve, guardadas as devidas proporções. Mas é um fervilhar diferente de uma cidade grande.
Nas casas, as pessoas trabalham muito para preparar as comidas para a festa do santo. Mas antes, um pequeno parêntesis. Prova de que o povo brasileiro gosta de festa, a gente já comemora tudo de véspera, pra ganhar mais um dia, deve ser. São João é hoje, mas a festa grande é na véspera. Natal... na véspera. Fecha parêntesis.
Na frente da maioria das casas uma fogueira, pequena ou grande, não importa. Segundo a tradição, você passa pelas casas e pergunta se São João passou por ali. Daí te chamam pra entrar e te oferecem comida e licor (pra mim, não, claro). Os mais humildes têm o seu amendoinzinho cozido, milho assado ou cozido. Os mais abastados capricham nos bolos, canjicas, pamonhas, uns chegam até a matar um bode para assar e servir aos convidados. E o forrozinho não pode faltar. Uma festa de fartura, de compartilhamento.
As crianças se divertem com os estalinhos e choviscos. Olhando aquela fogueira linda esquentando uma noite de muito frio e vento. É, na Bahia faz frio. Sabia, não?! Então faz assim. Se programe e venha passar um São João em uma de nossas cidades. Dispa-se de preconceitos, que eles só vão limitar a sua diversão. Dance forró e quadrilha, coma muito milho e amendoim, pule uma fogueira.

E viva São João!

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domingo, 8 de junho de 2008
Justiça Seja Feita
Ontem minha mãe recebeu uma ligação. Era a vovó Vandinha. Ela enrolou de cá, enrolou de lá – e que fique bem claro, minha avó não é mulher de rodeios - e aí soltou a pedrada. Que no blog não se mencionava no nome dela, que em casa não tinha fotos dela, que eu cresceria sem saber quem ela era. As fotos, realmente, minha mãe acabou por tirar todas que ficavam no painel no meu quarto, o sol as tinha desbotado, a grande maioria era de quando eu ainda era bebê, e com essa estória de foto digital, quase nada se tem imprimido das fotos recentes.
Mas vovó, como é que você pode dizer que eu cresceria sem saber quem você é? Impossível. Veja só. Quando eu ainda estava na barriga da mamãe, e todos ainda me chamavam de Carocinho, você escreveu palavras lindas pra mim, que até hoje a gente se emociona quando lê. Você cuidou para que eu tivesse um enxoval lindo, com roupinhas, até o mandrião que o meu pai e tia Ane usaram no batizado você guardou com todo o cuidado para eu usar.
Quando eu nasci, você vinha todas as manhãs pra nos ver, trazia caquis e as guloseimas preferidas da mamãe. Enganou todo mundo e deu um show quando me pegou pra dar banho. Você que dizia que já tinha se esquecido... que nada!
Teve uma época que eu estranhava todo mundo, aí você virava pra mim e dizia: “Manu, a vovó não é jacaré” e todo mundo caía na gargalhada. Depois, quando eu já estava maiorzinha e te reconhecia, não podia ver uma pessoa de cabelos brancos na rua que já pensava que era você, e apontava toda contente.
Você estava comigo lá na Barra quando dei os meus primeiros passos, antes disso, quando pisei no mar pela primeira vez. E sei que você derramou algumas lágrimas de saudade quando fomos meus pais e eu a Brasília e pela primeira vez ficamos mais que uns dias separadas uma da outra. Em compensação, quando voltamos, você e Babi tinham preparado uma senhora festa surpresa e comemoramos não apenas o nosso retorno, mas também os meus seis meses de vida.
Ano retrasado, quando tive que passar uns dias no hospital, você ficou lá o tempo todo, comigo e com a mamãe. Até que veio aquela médica chata e te mandou embora com medo de que você pegasse também a tal da virose. Eu vi que você não gostou nem um pouco, mas já pensou, nós duas dodóis?
Tá, eu sei que eu fico chatinha, choramingando, quando vai dando seis da tarde e fico procurando minha mãe. Mas uns 70% são dengo puro.
Eu adoro quando a minha mãe e o meu pai vão pro mercado – eu sei que não é pro mercado, mas deixa eles pensarem assim, tá?! -, eu fico com você e a gente inventa um monte de brincadeiras. A gente conversa sobre um monte de coisas, eu te explico sobre a minha escola, te conto quando minha mãe me dá alguma bronca. Quando vou pra sua casa sempre tem algum agrado, e mesmo que não tenha, você dá um jeito para que sim. Tudo muito especial.
Festa de fim de ano na escola, festa do dia da vovó, aniversários, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, Páscoa, a gente quer você presente em todas elas. Não vou nem entrar aqui no mérito do Natal porque este é um caso à parte. É um esforço enorme pra você segurar os presentes até a véspera de Natal. Ah! Vovó Vandinha, você não tem jeito! ;o) No último Natal passamos com vovó Regina, mas se desse, o ideal seria reunir todos e fazer um festão maior do mundo. Afinal de contas, você tem a sua parcela de culpa por eu gostar tanto de festas. hehehehe
Minha vozinha querida, nem que eu quisesse eu poderia te esquecer. Teu cabelinho branco, teu cheirinho, tuas estórias, tua história, tuas dancinhas, tuas expressões únicas. E onde quer que esta vida nos leve, o que eu sou, o que serei, é graças também a você.



Aqui segue o texto da Vovó ao qual me referi acima:

"Reflexões de Manuela
(Vovó Vandinha)
Dezembro/2003


É! Estou aqui nesta casa tão acolhedora e quentinha! Confortável e muito prática. Tudo fica ao meu alcance! A comidinha, gostosa e nutritiva, que me faz engordar e crescer, é encanada. Faço dieta balanceada. Por esta razão, estou com um “corpicho” legal. Sem estrias nem celulite. Dr. Luiz Carlos que o diga.
Esta casa não tem portas nem janelas. Nem mesmo um buraquinho por onde eu possa espiar o mundo com tudo e todos que nele estão dependuradinhos. Dizem que lá nada cai no espaço, por força de uma tal de lei de gravidade! Pois aqui, ela não funciona. Fico o dia inteiro para cima e para baixo, de lado, de frente, de bruços!! Cambalhotas? Já bati o record.
O melhor daqui é a piscina térmica. Nela fico nadando o dia inteiro. É “ma-ga-vi-lho-sa”!
A segurança é muito, mas muito melhor do que a dos Estados Unidos. Também não existem arestas ou qualquer outra coisa que possa me machucar. Se escorrego, mamãe nota logo e fica segurando minha casinha, agarradinha comigo. Legal, não?
E os exercícios? Nenhum adulto consegue fazer o que faço. Coloco os pés na cabeça, fico de joelhos um tempão, cruzo minhas perninhas, só de pirraça, pra ninguém ficar vendo se sou menina ou menino.
Já identifico as vozes da mamãe, do papai, dos meus irmãos, os latidos de Jazz e os miados de Jujuba. Só não entendo muito o que minha vovó Vandinha diz: é firula pra lá, xúria pra cá. Um monte de bobagens! Acho que está caducando.
Às vezes ela passa os cabelinhos brancos pelas paredes da minha casinha. Não tenho certeza, mas penso que é para mostrar que é bem assanhadinha.
Neste lugar, duas coisas me incomodam. De vez em quando, mamãe põe muito sal na minha comidinha. Ela faz isso quando está triste. Queria dizer pra ela nunca ficar assim. Eu posso ficar hipertensa e depois... Se ela soubesse como fica bonita quando está rindo, feliz! Ah, ela e meu pai são muito engraçados dançando! Os passos, eles não ensinam a ninguém. Mas eu me divirto muito!
A outra reclamação: não consigo fazer com que as pessoas me ouçam. Por favor, instalem um microfone já já! Quero cantar com o meu primo José, contas as estórias de anjinhos pra Peu e Babi. Dar bom dia , boa noite, gritar bem alto: eu amo vocês!
Todos os meses meus pais me levam pra eu posar. Uma fotógrafa, que se diz doutora tira cada foto minha... Sabe como? Peladinha! Dia desses me flagraram de pernas pra cima. Um escândalo! E sabe o que mamãe e papai fizeram? Adoraram e colocaram na internet. Em exposição no computador. Só para todo mundo ver que eu sou uma menininha. E mais: chamaram os amigos pra mostrar a façanha! Fico com uma vergonha... Tolice! Eu adoro mesmo é fazer caras e bocas, que nem as artistas de TV.
Afinal, sou a grande estrela da família, a BBM (Big Baby Manuela). Tenho até um site. Celebridades, cuidem-se! Acho que vou cobrar cachê, ou sair logo daqui e passar pro lado de lá. Xi, vai ser uma confusão! Aguardem!
Já estou até ouvindo os comentários: É a cara de Cuca. Não, parece com Lu. O que? Lembra Peu. Nada, é todo José.
E eu me pergunto: como serei?
Não importa se feia ou bonita. Quero mesmo é ser saudável, alegre, inteligente, carinhosa e muito, muito feliz.
Os preparativos para a minha chegada já começaram. Às vezes eu fico desanimada, achando que ainda falta muito tempo.
Quero logo ver a minha família. Tocar violão e cantar com Zé. Brincar com meus irmãos. Subir nos ombros largos do meu pai e me aninhar nos braços carinhosos de minha mãe.
Quero tomar banho de mar na Barra do Paraguaçu, respirar ar fresco, ver o sol, a lua, as estrelas, o céu. Molhar os pés na água e pisar na terra firme.
Quero ver as flores, também, e um palhaço bem engraçado, que me faça sempre criança e me ensine a sorrir.
Quero fazer muitos carinhos e beijar muito a todos.
Esperem um momento! Estou ouvindo uma batucada. Será Jorge Aragão? Ou Alcione? Não, não, são eles. Os corações de papai, mamãe e Vovó Vandinha que estão batendo forte. Ah! É porque hoje é Natal. O meu primeiro. Estou emocionada. Por isso, a casa tava toda iluminada e enfeitada. E um cheirinho bom. De comidinha gostosa.
É, fico feliz. Dá até vontade de chorar. Não! Nada disso. Vou é correr para ver os meus presentes. Papai Noel deve tê-los deixados na árvore de Natal, porque aqui é impossível dele entrar. Mas sei que muitos presentes são para mim!
Estou cansada. Agora vou pedir ao Menino Jesus que cuide sempre de todos nós.
Vou dormir. Tô com soninho!
Boa noite!"

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terça-feira, 3 de junho de 2008
Ufa!
Maio acabou. Acho que podemos dizer que o mês foi intenso. Não só pelo aniversário, dia das mães, apresentação do balé (que, na verdade, não aconteceu), mas especialmente pelas visitas que tivemos. Vovó Regina, Vovô Orlando, tia Carolina e Cátia. Eu não vou mentir, eu adoro receber visitas. Primeiro, eles sempre trazem algum presente pra mim é sempre bom rever a família, curtir os passeios, reconhecer a cidade, visitar lugares novos, enfim, família é bom demais!
Este ano, como vocês sabem, meu aniversário caiu no mesmo dia do dia das mães. Vumbora combinar, né?! Mãe é mãe todos os dias, o meu aniversário é um só. De verdade, de verdade, eu acho que uns três aniversários por ano seria o ideal, mas o pessoal aqui em casa já me disse que não tem jeito. É um só e acabou. Então tem que aproveitar bastante esse um só, não é mesmo?! Teve bolo na escola, todos os meus coleguinhas usaram máscaras dos Backyardigans, massa demais. E, no domingo, foi a vez da família.
No domingo seguinte seria a minha primeira apresentação de balé. Passei a manhã inteira ensaiando, caía uma chuva terrível, temíamos que o evento fosse até cancelado, buscamos vovó na casa dela e lá seguimos nós. Ao chegar no teatro, larguei a mão de meu pai e subi a rampa toda faceira, guiada por uma das auxiliares. Fiz questão de mandar beijos enquanto me despedia deles. Tudo ia muuuuuuuuito bem, até tia Veca falar: “tá na hora de entrar no palco”. Cara, eu travei. Cubri o rosto com minhas mãozinhas, virei de costas. Instantes depois fui caminhando discretamente em direção à coxia. No final, as meninas ainda tentaram me levar no palco mais uma vez pra eu mandar o beijo da mamãe, mas não rolou. Imagina! Se não rolou com a turma toda, eu sozinha, naquele palco enorme, é que não ia acontecer. Oh well, acontece nas melhores famílias que dirá na minha hehehehehe .
Fim do mês teve o aniversário do vovô Orlando e o esperamos aqui com um bolo de chocolate especial. A casa estava cheia. Aqui é pequeno, não precisa muita gente pra encher. E foi muito divertido! Tia Carol e Cátia voltaram pra São Paulo de tarde. São duas e pouco da madruga, meu avô acabou de sair daqui de casa. Deu um beijo em minha testa com todo o carinho que lhe é peculiar. Cedinho amanhã tenho que levantar pra ir pra aula. Vou procurar pelo meu avô quando acordar, mas ele já vai estar a caminho da sua casa. Eu sei que vou sentir muita falta, como senti quando vovó Regina foi embora. Vou passar vários dias lembrando das coisas que fizemos. Mas esta é mais uma coisa que vou ter que aprender. A família da minha mãe mora longe, espalhada nesse Brasil, ainda teremos muitas despedidas, mas, mais que isso, vamos ter ainda muitos encontros para comemorar.
Beijos!
 
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